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Os Quatro Cavaleiros do Apocalipse (Parte 1)

Todos os casais têm conflitos! O que determina o sucesso ou fracasso de um casamento é o modo como os conflitos são administrados.

 

Somos felizes e não sabíamos (até você terminar de ler este texto)!

Padrões negativos de interação do casal: os Quatro Cavaleiros do Apocalipse!

Segundo Gottman (1994) existem quatro padrões de comportamentos que são negativos para o funcionamento de um casal, que o autor denomina como os “Quatro Cavaleiros do Apocalipse”. Isso não significa que casais de sucesso não pratiquem tais comportamentos (embora um deles, de fato, não costuma ser encontrado nas interações saudáveis) mas, com menor frequência do que nos casamentos que caminham para o fracasso concretizando um divórcio ou mantendo a relação por muitos anos com baixa satisfação para um ou ambos os cônjuges (Driver et. al, 2016). Estes padrões nocivos são: a crítica, a atitude defensiva, a obstrução e o menosprezo.

  • A Crítica:

 

Importante lembrar que a crítica é diferente da queixa.

O que caracteriza uma Crítica geralmente são expressões como “você nunca...”, “você sempre...”, “tudo que eu faço...”, “nada que você...” voltadas para apontar falhas no caráter da outra pessoa, carregadas de distorções do pensamento como rotulações, supergeneralizações, personalização, conclusões arbitrárias, pensamentos seletivos, leituras mentais e outras formas de raciocínio (Coelho & Teodoro, 2020; Rodrigues, Mesquita & Ventura, 2019; Wright, Basco & Thase, 2008) que, mesmo com certas evidências, não colaboram para que as pessoas consigam solucionar seus conflitos da melhor maneira, pois costumam provocar uma grande ativação emocional em ambos.

Estas ativações emocionais podem desencadear outro processo que em si mesmo é muito prejudicial para o relacionamento de um casal, denominado como “Inundação” (Driver et. al, 2016), que são sintomas fisiológicos estimulados por pensamentos automáticos negativos (com as características de distorções acima mencionadas) surgidos durante uma discussão. Com estes estados emocionais dificilmente as pessoas conseguem enxergar as soluções ou aspectos positivos numa interação para resolver qualquer questão, por mais simples que seja.

Uma forma de lidar com este processo de interação comportamental negativo é fazer pequenas pausas durante uma discussão (15 ou 20 minutos), não para planejar um novo "ataque" ou ficar apenas se considerando a “vítima” na situação, mas refletir com calma (Driver et. al, 2016) sobre as suas próprias emoções considerando o momento exato em que sentiu a alteração e pensar em algo que o(a) acalme, antes de voltar e propor uma forma para administrar o problema (Coelho & Teodoro, 2020). Pois permitirá ao casal uma oportunidade para agir de modo objetivo e como uma equipe que trabalha para encontrar uma solução e não no sentido de um tentar “ganhar” do outro, pois, caso alguém vença a discussão quem perde é o casal e, consequentemente a própria pessoa que supostamente “venceu” a discussão.

Por outro lado, a queixa é específica a respeito de uma situação, algo que aconteceu ou comportamento que alguém considera negativo. E pode ser bem expressa quando quem deseja comunicar algum descontentamento ou solicitar a mudança de comportamento da outra pessoa fala usando a primeira pessoa do singular, ou seja, por meio de frases iniciadas com o pronome “Eu”. Como por exemplo: “eu me sinto triste quando você esquece o nosso aniversário de casamento”, “eu penso que você não se importa comigo quando chega atrasado em um compromisso nosso”, “eu gostaria que você ajudasse em alguma tarefa aqui em casa”, “eu fico com raiva quando alguém faz um elogio a você”, “eu preciso conversar com você” que são formas de Comunicação Efetiva (Wagner, mosmann & Neumann, 2020).

Além disso, quem ouve a fala do outro deve considerar se está interpretando uma queixa como se fosse uma crítica, ou seja, algo pessoal a respeito do seu valor como indivíduo e esclarecer caso fique em dúvida. Cada pessoa, de acordo com sua cultura, história de vida e personalidade pode interpretar frases ou palavras de maneira completamente diferente do sentido que o outro teve a intenção de comunicar. Isso é completamente natural em todas as interações humanas e, por mais incrível que pareça, entre casais também, chega a parecer até mesmo que eles vieram de famílias diferentes (digo isso ironicamente!). Para evitar tais equívocos outra ótima estratégia de Comunicação Efetiva (Wagner, mosmann & Neumann, 2020) é repetir o que o interlocutor diz com suas próprias palavras, como fornecendo e recebendo feedback, realizando a troca de percepções sem acusação.

O mais importante: apresentar padrões negativos de interação no relacionamento conjugal não é sinal de fracasso ou casamento insatisfatório, manter a prática das estratégias apresentadas acima e outras bastante sólidas que atualmente a ciência da psicologia tem identificado como as formas mais saudáveis desempenhadas pelos casais de sucesso irá melhorar cada vez mais o bem-estar do casal. E, lembre-se: sempre será possível consultar um profissional para acompanhar o processo de desenvolvimento das habilidades e competências necessárias.

Luis Antonio Silva Bernardo

Psicólogo CRP 19/004142

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